Deste jornal republicamos o Editorial e algumas imagens de páginas do primeiro número.

Editorial

Dantes as aulas começavam no Outono. Agora começam no Verão…
Dantes havia régua e ponteiro. Agora já não…
Dantes a tabuada dizia-se numa cantiga. Agora até parece uma inimiga…
São muitas as diferenças entre a escola antiga e a escola actual. E não é preciso recuar muito na máquina do tempo. Se perguntarmos a alguns professores o que mudou, mesmo àqueles mais jovens, poderemos verificar que muitas coisas mudaram nas escolas. A começar pelos edifícios das próprias escolas, passando pelas mentalidades dos alunos, dos professores e dos encarregados de educação. O que nos devemos perguntar não é necessariamente o que mudou?, pois todos temos consciência de que tudo muda nesta vida e as mudanças estão bem à vista de todos. As perguntas que nos devemos perguntar e sobre as quais é urgente reflectir devem centrar-se, acima de tudo, nas duas seguintes questões: o que mudou para melhor? E o que mudou para pior?
As mudanças que se têm registado nas escolas ao longo dos anos têm, de facto, trazido muita luz sobre determinadas questões. Basta reparar em temas que nos nossos dias já são abordados nas escolas sem restrições, sem medo, sem constrangimentos, como por exemplo, a sexualidade, a sida, o racismo e as violações dos direitos do Homem. Estes temas não tinham lugar em escolas de há vinte ou até mesmo dez anos atrás. Por outro lado, nas escolas dos tempos de já lá valo as crianças e os jovens não dispunham dos meios sofisticados de trabalho de que hoje dispõem: os computadores, a Internet, livros vários, enciclopédias, jornais e revistas. Enfim, as bibliotecas escolares ou não existiam ou eram pouco mais que pequenas salas poeirentas, com algumas dezenas de livros fechados dentro de estantes e, no máximo, uma televisão. Por outro lado ainda, as oportunidades de realizar visitas de estudo, de praticar desportos radicais, desportos de ar livre e outros, ou de integrar actividades variadas, como por exemplo, participar num Clube de Ambiente ou num Clube de Artes eram raras ou nem aconteciam.
De facto, a escola moderna exibe muitas diferenças positivas em relação à escola do passado. Mas como tudo tem o seu lado bom e o seu lado menos bom, a evolução das coisas, de certa forma, também prejudicou a escola… ou terá sido a escola que se deixou prejudicar pela evolução?
A evolução da tecnologia trouxe, por exemplo, um variadíssimo número de novos divertimentos que ocupam o tempo e o cérebro dos alunos, fazendo-os desviar a sua atenção da escola, da tabuada, da letra bonita ou da escrita sem erros.
Enfim… a escola de hoje torna-se uma última prioridade de um aluno de qualquer idade.
Talvez por tudo isto, certos saberes estejam definitivamente esquecidos.
Talvez por tudo isto, seja difícil ser aluno, acreditamos que sim. E também não é fácil ser-se professor.
O que fazer?
Agora deixamos-vos a pergunta. Sim, porque aos jornalistas cabe principalmente perguntar, e não responder. Pensem e respondam vocês. O Jornal do Departamento de Ciências Experimentais fica à espera das vossas respostas para a próxima edição.